quarta-feira, 27 de outubro de 2010

AMOSTRAGEM PASSIVA DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS. APLICAÇÃO AO SO2

Lícia Passos dos Santos Cruz e Vânia Palmeira Campos*

Departamento de Química Analítica, Instituto de Química, Universidade Federal da Bahia, Campus Universitário de Ondina,
40170-290 Salvador – BA

PASSIVE SAMPLING OF ATMOSPHERIC POLLUTANTES. APLICATION TO SO2
The passive sampling technique has been widely used for many years in the measurement of personal exposure to pollutantes in the workplace. In recent years the technique has been used too for measurements in ambient air. In the specific case of SO2 a variety of passive samplers have been described in the literature. The great number are diffusive samplers and some few are permeation samplers. They are basically of two types: badge and tube-type. However there are more than 10 variations in relation to the sampler dimensions, diffusion barriers and pollutant sorption medium. The technique trend to be very used in the near future with samplers able to reach very low detection limits, proposing a viable option for monitoring specific species at urban, regional and global scales. Keywords: air sampling; passive sampling; sulfur dioxide.


INTRODUÇÃO
O monitoramento de compostos gasosos do ar tradicionalmente envolve a aplicação de técnicas de amostragens ativas, na maioria das vezes, sofisticadas e caras. A aplicação de tais técnicas muitas vezes é pouco efetiva, devido principalmente à natureza dos equipamentos envolvidos, à necessidade de suprimento contínuo de energia elétrica, pessoal capacitado para a operação dos equipamentos, etc. Desta forma, torna-se importante o desenvolvimento de métodos de amostragens que não dependam desses fatores e que possibilitem a coleta de amostras em regiões onde tais requisitos não estejam disponíveis.

Amostradores passivos, também conhecidos como monitores ou dosímetros passivos, são dispositivos capazes de fixar compostos gasosos ou vapores da atmosfera, a uma taxa controlada por processos físicos, tais como difusão e permeação, não envolvendo o movimento ativo do ar através do amostrador, ou seja, não necessitando de bomba de sucção para forçar o ar a ser amostrado1-3. Estes dispositivos são bastante utilizados no monitoramento da exposição pessoal em ambientes de trabalho, datando de 1927 o surgimento da primeira patente de um dosímetro passivo para CO, por Gordon & Lowe4. No entanto, o uso deste tipo de dispositivo só foi difundido a partir de 1973, quando Palmes & Gunnison5 estabeleceram suas bases teóricas e desenvolveram um amostrador difusivo em forma de tubo, para SO2. Desde então, uma grande variedade de amostradores têm sido descritos e comercializados, restringindo-s, porém a medidas de exposição profissional 5-13 e, só recentemente começou-se a estudar a sua aplicabilidade para o monitoramento ambiental externo 14-19, o qual engloba concentrações geralmente 30 vezes menores do que aquelas em ambientes de trabalho e, em casos específicos, de poluentes como SO2, O3 e NO2, duas ou três ordens de magnitude mais baixas. 

A utilização dos amostradores passivos para o monitoramento de SO2 e outros compostos (gases ou vapores) tem se tornado uma alternativa bastante promissora devido às vantagens que estes apresentam quando comparados com as técnicas ativas convencionais: são mais simples, de custo bem mais reduzido (por não necessitarem de bateria ou bombeamento externo), exigem pouca manutenção,não dependem de calibração de fluxos de ar, são de fácil operação e bem aceitos pelos seus usuários em ambientes de trabalho, por serem leves e de tamanho reduzido. Os resultados das medidas passivas são fornecidos na forma de concentração média ponderada por tempo, sendo desnecessário o conhecimento do volume de ar amostrado. Estas características tornam este tipo de amostrador adequado não apenas para o monitoramento da exposição pessoal, mas também para aplicações no ar ambiente, inclusive em áreas remotas onde não há disponibilidade de energia elétrica e, portanto, outras técnicas não podem ser usadas 20-24. Por outro lado, estes amostradores apresentam algumas desvantagens, tais como: não fornecem concentrações instantâneas, não estão disponíveis comercialmente para um grande número de componentes atmosféricos, não permitem alteração na taxa de amostragem, o que impossibilita concentrar ou diluir o gás ou vapor durante a amostragem e não possuem adequada sensibilidade quando expostos por curto tempo. De forma semelhante às amostragens ativas descontínuas, que integram longo tempo (por exemplo, 24 horas), a amostragem passiva não distingue episódios transitórios de altas e baixas concentrações em um dado período 23,24.
Este artigo se propõe a apresentar o uso deste tipo de técnica de amostragem, adequada para o monitoramento atmosférico, a custos muito reduzidos. O princípio de funcionamento dos amostradores passivos é discutido, assim como os parâmetros que afetam o seu desempenho, sendo finalmente apresentadas algumas aplicações, voltadas para as medidas de SO2 no ar ambiente.


PRINCÍPIO DO FUNCIONAMENTO DOS AMOSTRADORES PASSIVOS
Existem basicamente dois tipos de amostradores passivos. O primeiro tipo e mais utilizado, baseia-se no princípio da difusão das moléculas através de uma camada estática de gás. Normalmente são colocadas uma ou mais barreiras de difusão, que não oferecem resistência ao transporte das moléculas, entre a superfície de coleta e a entrada do ar, para controlar a difusão e a velocidade de amostragem, e para impedir a penetração do material particulado no espaço de difusão21.
Os amostradores difusivos baseiam-se no movimento das moléculas através de um gradiente de concentração que, em equilíbrio dinâmico pode ser definido pela primeira lei de difusão de Fick25.

onde:
J = taxa de transferência de massa (µg/h)
A = área da seção transversal do percurso de difusão (m2)
D = coeficiente de difusão (m2/h)
dC/dX = coeficiente instantâneo de mudança na concentração ao longo do percurso (µg/m3)
O sinal negativo indica que a concentração do analito decresce na direção de difusão. Se a lei de Fick for escrita em função da massa amostrada e do tempo de amostragem, e considerando a mudança da concentração (C – C0) ao longo do comprimento total do percurso de difusão (X – X0 = L), a equação 1 transforma-se em:


onde:
m = massa total coletada (µg)
t = tempo de amostragem (h)
C = concentração externa (ambiente) do poluente (µg/m3)
C0 = concentração do poluente na superfície de coleta (µg/m3)
L = comprimento do percurso de difusão (m)
Se um meio de coleta efetivo for utilizado, a concentração do poluente na superfície do coletor (C0) pode ser assumida como zero e a equação 2 se reduz a:

Na prática, a suposição acima nunca é verdadeira; contudo o erro resultante dessa aproximação será muito pequeno e pode ser ignorado em aplicações dos amostradores passivos para a determinação de baixas concentrações de gases ou vapores em ambientes interno e externo20. Na equação 3, a expressão DA/L, que tem a mesma unidade (m3/h) do fluxo de ar em amostradores convencionais que utilizam bombas de sucção, é definida como a taxa de amostragem, que pode ser calculada teoricamente a partir do coeficiente de difusão e da geometria do amostrador. Rearranjando a equação 3, temos:

Assim, cinco fatores afetam a medida da concentração (C) do gás ou vapor no ar. Dois desses fatores (A e L) são parâmetros físicos relacionados com a geometria do amostrador e são independentes do analito, enquanto que D é uma propriedade específica de cada gás ou vapor e é independente da forma do amostrador. O coeficiente de difusão é diretamente proporcional à temperatura absoluta (T) elevado à potência três meios e inversamente proporcional à pressão atmosférica21. Um esquema de um amostrador que opera por difusão pode ser visto na Figura 1.
O segundo tipo de amostrador passivo envolve a absorção e subsequente permeação das moléculas do gás ou vapor através de uma membrana. A determinação das concentrações ambientais de um gás usando um dispositivo baseado em permeação pode ser estabelecida por 21:

onde:
C = concentração do gás (µg/m3)
w = massa do gás coletado (µg)
k = constante de permeação (h/m3)
t = tempo de exposição (h)

A constante de permeação (k) é determinada experimentalmente e é uma função específica do material da membrana e do poluente de interesse26. A seleção do tipo de membrana, que seja altamente permeável ao analito e impermeável à maioria dos outros componentes atmosféricos, constitui uma etapa importante no desenvolvimento de um amostrador deste tipo27. O material da membrana deve ser hidrofóbico, uma vez que a água geralmente desativa os adsorventes sólidos mais usados em amostradores passivos. Um critério básico para avaliação do material de uma membrana é a velocidade de amostragem para um dado poluente, pois quando baixa, resultará em baixa sensibilidade para o amostrador, a qual exigirá tempos de exposição maiores.

Quanto à forma de construção, os amostradores passivos podem ser de vários tipos. Os mais comumente utilizados são os tipo emblema e os tipo tubo. A vantagem dos amostradores tipo emblema em relação aos do tipo tubo é decorrente da alta razão entre a área da seção transversal e o percurso de difusão, resultando em altas taxas de amostragem, possibilitando tempos de exposição menores. Por outro lado, este tipo de amostrador passivo requer uma velocidade facial mínima de 0,1 m/s, o que impossibilita seu uso para monitoramento em áreas estáticas, mas certamente podem ser utilizados no monitoramento pessoal, em ambientes de trabalho22. A Figura 2 apresenta um modelo comercial de amostrador passivo tipo emblema.

Para ambientes externos, são frequentemente usados os amostradores tipo tubo, pois a baixa taxa de amostragem destes é compensada por longos períodos de exposição. Estes amostradores possuem uma baixa razão entre a área da seção transversal e o percurso de difusão, não sendo geralmente afetados por baixas velocidades de ar19,20,28.

PARÂMETROS QUE AFETAM O DESEMPENHO DE UM AMOSTRADOR PASSIVO

Velocidade facial

A velocidade facial e a orientação do ar podem afetar o desempenho de um amostrador difusivo porque influenciam o comprimento efetivo do caminho de difusão. A taxa de amostragem é função do comprimento do percurso de difusão (termo L nas equações 2-4) e da área da seção transversal (termo A nas equações 1-4) do amostrador.

Sob condições de estagnação do ar na face externa do amostrador, o comprimento do percurso de difusão efetivo pode aumentar, diminuindo consequentemente a velocidade de amostragem e gerando erros negativos. Esse efeito, também chamado de efeito de “inanição”, ocorre devido a existência de uma resistência adicional à transferência de massa criada por uma “camada limite” que se forma entre a atmosfera externa e aquela próxima à superfície de entrada do ar no amostrador29-31.

Em geral verifica-se que quanto maior a velocidade do ar na face do amostrador menor a “camada limite”, chegando consequentemente mais gás ou vapor à superfície do mesmo. O grande problema na determinação do efeito da “camada limite” sobre a velocidade de amostragem é a grande quantidade de variáveis que não podem ser controladas durante a amostragem, como velocidade do ar, direção do vento e turbulência sobre o amostrador. No entanto, os efeitos da resistência da “camada limite” sobre a difusão do gás ou vapor até o meio de coleta podem ser reduzidos e até considerados negligenciáveis, através do desenho adequado do amostrador. Além disso, deve-se estabelecer um limite mínimo de velocidade do ar durante a validação do amostrador, abaixo do qual este não pode ser utilizado32. Segundo Brown1, se a velocidade do ar na face do amostrador for mantida acima de 0,1 m/s, os efeitos de “inanição” são muito pequenos.
Quando o amostrador passivo é utilizado com a finalidade de determinar o nível de contaminação ao qual trabalhadores estão expostos, geralmente o movimento da pessoa que o carrega é suficiente para evitar esse efeito. No monitoramento ambiental, com o amostrador colocado em uma posição fixa, a ocorrência de estagnação do ar é crítica, em particular quando a amostragem é realizada no interior de construções33. Por outro lado, se o ar é muito turbulento na face externa do amostrador, o comprimento do percurso de difusão efetivo pode ser diminuído e os resultados podem ser maiores do que os esperados. Isto ocorre porque o ar turbulento perturba a camada de ar estática dentro do amostrador, reduzindo o percurso de difusão e aumentando a velocidade de amostragem. Palmes et al.6 concluíram que a turbulência do ar não exerce efeito significativo sobre o desempenho de amostradores passivos tipo tubo. No entanto, Gair & Penkett 34 afirmaram a partir de resultados experimentais que sob condições turbulentas em ambientes externos, o comprimento do caminho de difusão efetivo de um tubo de comprimento padrão (7,1 cm) sofre uma redução entre 7 e 38 %, resultando em uma superestimação na concentração do composto gasoso determinado. A incorporação de uma proteção (telas, membranas, etc.) na entrada de ar do amostrador pode reduzir grandemente este efeito. Frenzel et al.35 recomendaram o uso de uma proteção de membrana de teflon na entrada de ar de amostradores tipo tubo na amostragem de amônia.

Tempo de exposição e concentração do poluente
A amostragem deve ser realizada por um tempo que seja longo o suficiente para capturar uma quantidade de amostra que seja mensurável no processo analítico, sem, entretanto, ultrapassar a capacidade do meio de coleta. Como os amostradores passivos nãopodem ser “desligados” no final do período de coleta, deve-se ter o cuidado de mantê-los hermeticamente fechados e protegidos antes e depois da exposição para assegurar a exatidão do tempo de amostragem31.

O efeito da concentração do gás ou vapor na atmosfera sobre a velocidade de amostragem depende do meio de coleta. Quando a coleta é feita por absorção do composto em um líquido ou em reagente suportado a velocidade de amostragem não se modifica com a variação da concentração, uma vez que o gradiente de concentração (C –C0) é mantido constante e a concentração do analito na superfície é negligenciável (C0 = 0).

Quando a coleta é feita por adsorção em um meio sólido (carvão, tenax, zeólitas), verifica-se uma diminuição da velocidade de amostragem com o aumento da concentração do contaminante na atmosfera. Isso ocorre provavelmente devido à reversibilidade do processo de adsorção29.
Temperatura
A temperatura pode influenciar o desempenho dos amostradores passivos de várias maneiras. O coeficiente de difusão para um gás ideal é teoricamente proporcional a T3/2. Assim a taxa de amostragem aumenta com o aumento da temperatura devido ao aumento do coeficiente de difusão36. Para amostradores difusivos observou-se uma variação menor do que 0,2 % na taxa de amostragem por grau Celsius, portanto, uma mudança de temperatura de 25 para 30 ºC, se não for corrigida, gerará um erro em torno de 1 %21,31. Amostradores passivos que operam por permeação através de membranas podem ser seriamente afetados pela temperatura, pois o gás ou vapor pode ser retido pela membrana a baixas temperaturas ou a membrana pode se tornar não seletiva a altas temperaturas.

Umidade relativa

Os efeitos da umidade vão diferir entre amostradores contendo adsorventes hidrofílicos e hidrofóbicos. A alta umidade no local de amostragem pode afetar a capacidade de adsorção de adsorventes hidrofílicos, tais como carvão ativado e peneira molecular, implicando em uma diminuição no tempo de amostragem  (a uma dada concentração), uma vez que competindo com o analito pelos sítios de adsorção, a água provocará saturação do adsorvente antes do tempo previsto37. Adsorventes hidrofóbicos não apresentam diminuição do desempenho com a presença de umidade. Os amostradores com membrana são favorecidos pela hidrofobicidade da mesma35.
Transporte e tempo de armazenagem
A maioria dos amostradores passivos requer transporte entre o local de amostragem e o laboratório. As seguintes precauções são recomendadas para que a integridade da amostra seja mantida durante este processo: a) transportar e armazenar os amostradores em recipientes inertes e fechados, garantindo a completa vedação para evitar a contaminação ou perda de amostra; b) evitar a exposição a altas temperaturas e se for possível manter os amostradores a baixa temperatura para evitar a perda do poluente por decomposição ou evaporação; c) manter os amostradores longe de fontes de contaminação durante o transporte37.

O conhecimento do efeito do tempo de armazenagem do amostrador sobre o resultado final da coleta é importante, pois nem sempre é possível analisá-lo imediatamente após a coleta. Da mesma forma também é relevante a determinação da estabilidade do amostrador antes de ser exposto, especialmente daqueles que utilizam reagentes químicos para coleta de analito em fase gasosa ou vapor2.


APLICAÇÕES DA AMOSTRAGEM PASSIVA AO SO2
Palmes & Gunnison5 originalmente desenvolveram um amostrador difusivo para SO2  consistindo de um cilindro de vidro com 1 cm de diâmetro e 3 cm de comprimento, usando como barreira de difusão um tubo inserido na entrada de ar. O SO2 difundido era fixado e estabilizado em uma solução de tetracloromercurato (TCM) 1 mol.L-1 e era determinado posteriormente por análise colorimétrica utilizando o procedimento de West-Gaeke38. Esses pesquisadores também desenvolveram amostradores similares contendo H2 SO4 conc. ou sílica gel para monitoramento de vapor d’água. O dispositivo comumente designado de “tubo de Palmes” foi desenvolvido posteriormente e consistia de um tubo de acrílico simples, com cerca de 7,1 cm de comprimento e 1,1 cm de diâmetro interno, contendo três telas de aço inoxidável impregnadas com trietanolamina para coletar NO2 6.

Reiszner & West 39  descreveram um amostrador passivo para SO2 similar ao de Palmes & Gunnison5  usando o mesmo líquido de coleta, porém baseado no princípio da permeação incorporando uma membrana de dimetil silicone como barreira de permeação no fundo do tubo de vidro. O método foi apresentado pelos autores como sendo confiável sob influência de mudanças de umidade relativa, pois a permeabilidade do SO2 nesta membrana era constante sob a faixa de 0-80 %, e de mudanças de temperatura, uma vez que a membrana exibiu um decréscimo na permeabilidade de apenas 5 % para um aumento de 10 °C. Além disso, possíveis interferências de H2S, O3  e NO2 não foram significativas.

Killick40 utilizou o amostrador de Reiszner & West39 para medidas de SO2 em testes de laboratório, amostrando por períodos de 1 hora a 19 dias. Ele encontrou geralmente boa concordância em 75 % dos testes usando paralelamente um instrumento contínuo condutimétrico.

Orr et al.41 testaram também este amostrador em campo, e concluíram que o mesmo era inadequado devido à falta de sensibilidade em zonas rurais e possibilidades de congelamento da solução absorvente durante estações frias. Estes autores desenvolveram então um outro amostrador alternativo, incorporando um filtro de policarbonato de 8,0 µm como membrana permeável e um filtro de celulose impregnado com K2 CO3  25 % (m/v) / glicerol 10 % (v/v) como agente fixador do poluente. Neste caso o dispositivo apresentou uma taxa de coleta significativamente maior, além da vantagem de operar bem em estações frias.

Kring et al. 42 testaram um dosímetro passivo para SO2 tipo emblema utilizando também solução de TCM como meio de coleta. A novidade desse sistema é que o próprio dosímetro já contém os reagentes para a análise dentro de cápsulas que são quebradas misturando os reagentes com o meio de coleta. A intensidade da coloração produzida na solução era lida em um instrumento portátil depois do período de exposição. Isto foi apresentado como uma vantagem pois não há consumo de tempo em laboratório com análises por via úmida. Semelhantes versões deste dosímetro foram também utilizadas para NH3 e NO2.

Um amostrador difusivo para SO2 utilizando uma solução absorvente de formaldeído tamponado foi desenvolvido por Naus et al. 43. O uso desta solução absorvente foi reportada por Dasgupta et al. 44 como sendo bastante adequado uma vez que o reagente não tinha a alta toxicidade do TCM e não apresentava interferências de O3, NO2, Fe(III), Cu(II) e V (V). O desempenho destes amostradores foi avaliado em câmara de exposição e, segundo os autores os mesmos respondiam linearmente com o tempo, não eram influenciados por variações de temperatura entre 25 e 38 °C, além de não serem sensíveis a variações na velocidade facial entre 0 a 3 m/s.

Hangartner & Burri 45 desenvolveram um amostrador passivo baseado no tubo de Palmes, consistindo de um tubo de polipropileno contendo 3 telas de aço inoxidável tratadas com uma mistura de trietanolamina / glicol (3:1) para fixação de SO2. Os autores verificaram um forte decréscimo na concentração do SO2 fixado nos amostradores quando estes eram estocados à temperatura ambiente (22 °C). Além disso, foram verificadas perdas por difusão reversa em torno de 6 % por dia de estocagem. Os amostradores também eram sensíveis à umidade relativa.
Scheeren et al.46 desenvolveram e avaliaram o desempenho de dois amostradores passivos para SO2: um tipo tubo e outro tipo emblema. Ambos utilizavam filtros de quartzo impregnados com Na2 CO3 0,2 % (m/v), porém apenas o amostrador tipo emblema usava um filtro de Teflon na entrada do ar para prevenir problemas de turbulência do ar e evitar a interferência de partículas de sulfato. O SO2 fixado como sulfito após ser extraído do filtro impregnado, era oxidado e determinado como sulfato por cromatrografia iônica. Considerando um período de exposição de uma semana, o limite de detecção para o amostrador tipo emblema foi de cerca de 4 µg/m3 e para o tipo tubo 34 µg/m3. A precisão calculada para os dois amostradores estava na faixa de 5 a 10 %. De acordo com os resultados obtidos, a eficiência de coleta sofria influência da velocidade do vento. O amostrador tipo emblema só apresentava bom desempenho quando a velocidade do vento era maior que 1 m/s, enquanto que com o tipo tubo foram obtidos resultados confiáveis e exatos somente quando a velocidade do vento era menor do que 1 m/s.

De Santis et al.19 sugeriram o uso simultâneo de dois amostradores tipo emblema com filtro de fibra de vidro revestido com solução de Na2 CO3 1 % (m/v) + glicerol 1 % (v/v) em água / metanol para coleta de SO2, com a mesma geometria externa, mas com diferentes percursos de difusão. O objetivo era corrigir os erros devido à resistência da camada de ar estacionária e à resistência do filtro de membrana, tornando o método independente de calibrações em laboratório contra misturas gasosas ou calibrações em campo contra um método ativo. Apenas a correção da eficiência de coleta seria necessária caso o meio não fosse 100 % eficiente.
Krochmal & Kalina16 descreveram um método de amostragem passiva para a determinação simultânea de SO2 e NO2 na atmosfera. O amostrador, tipo emblema, possuía um corpo de polietileno pintado de preto para proteger o enchimento absorvente da luz solar. SO2 e NO2 eram coletados em filtro de papel Whatman impregnado com solução de trietanolamina 20 % (v/v). Alternativamente, duas telas de aço inoxidável poderiam ser usadas em lugar do filtro de papel. Períodos de amostragem variaram entre 24 h e 1 mês. O limite de detecção para a exposição mensal foi determinado como 0,5 e 0,7µg/m3 para NO2 e SO2, respectivamente. Os autores publicaram posteriormente um trabalho17 usando este amostrador para exposições mensais em 147 pontos em centros de cidades, áreas residenciais, industriais e rurais durante um ano. Os dados permitiram comparação dos níveis de poluição do ar em diferentes cidades e a produção de mapas de distribuição espacial de NO2 e SO2 em áreas rurais da Polônia.

Mais recentemente alguns pesquisadores 47-49 têm sugerido o uso de uma solução de NaOH 1 % (m/v) em metanol na impregnação de filtros de celulose para a amostragem passiva de SO2. Ferm & Svanberg47 utilizaram dois amostradores passivos tipo tubo para medidas mensais de concentrações de SO2 em áreas urbanas e remotas na Suécia. O primeiro era um cilindro longo e estreito (10 mm de diâmetro e 50 mm de comprimento) com limite de detecção relativamente alto, o qual foi usado em áreas urbanas. Este amostrador tinha proteção contra a turbulência do ar usando uma fina tela de aço inoxidável colocada na entrada do mesmo. O segundo amostrador, curto e largo (20 mm de diâmetro e 10 mm de comprimento) com baixo limite de detecção (0,1 µgSO2/m3) foi utilizado não apenas em áreas remotas, mas também em áreas urbanas. Este, mais sensível à turbulência do ar, era protegido por uma membrana porosa além da tela de aço inoxidável. Comparações feitas entre a técnica passiva com técnicas ativas indicaram concordância em torno de 15 %. A repetibilidade das medidas (expressa como desvio padrão relativo) foi reportada como 11 % e 8 % por aqueles autores e por Ferm & Rodhe50, respectivamente, em amostragens realizadas em vários países de clima tropical e subtropical da Ásia.

Makkonen & Juntto48 utilizaram o amostrador curto e largo, anteriormente citado, para realizar medidas de SO2 no ar por períodos quinzenais e mensais, durante um ano, em áreas remotas no sudeste da Finlândia. Esta técnica foi comparada com três técnicas ativas: monitor contínuo, filtro empacotado com dois e três estágios e um sistema de absorção em solução. Foi obtida boa concordância entre estas técnicas (desvio padrão médio entre todos os métodos foi 6 %) para amostragens mensais.

Santos24 desenvolveu um amostrador passivo para SO2 (Figura 3) baseado naquele descrito por Ferm & Svanberg47, cuja configuração minimiza problemas de turbulência do ar e outras interferências de amostragem: utilizou um cilindro de polietileno (21 mm de diâmetro e 12 mm de comprimento), fechado no fundo e tendo na outra extremidade (na entrada de ar) uma tela de aço inox (fio de 0,08 mm e malha de 0,125 mm) adaptada, seguida por um filtro de Teflon e outro de celulose impregnado com reagente apropriado (Na2 CO3 0,1% m/v), para fixar o SO2 difundido após o caminho de difusão (12mm). Após o período de exposição do amostrador passivo e seu transporte para o laboratório, o SO2 fixado no filtro impregnado era extraído com solução 0,03 % de H2 O2 (para garantir oxidação completa) e o SO4 2- correspondente era determinado por cromatografia iônica. O desempenho deste amostrador foi avaliado em câmara de Teflon e em campo para períodos de exposição de até um mês, em diferentes tipos de atmosferas: remota, urbana e industrial, onde a precisão das medidas variou de 2,4 a 10 % e a exatidão determinada contra monitores contínuos calibrados variou de 10 a 25 %. O limite de detecção determinado abrangeu a faixa de 0,20 a 0,94 µg SO2/m3, a depender da temperatura ambiente e tempo de exposição.

CONCLUSÕES
A técnica de amostragem passiva vem sendo usada por muitos anos em estudos sobre higiene ocupacional para medir concentrações de compostos potencialmente perigosos em ambientes de trabalho, e, somente recentemente, vem sendo aplicada para medidas atmosféricas. Embora o desenvolvimento desta técnica tenha suprido muitas desvantagens do monitoramento ativo convencional, ainda é pequeno o número de trabalhos publicados sobre o desenvolvimento e aplicação de monitores passivos para a determinação de gases ou vapores no ar ambiente, inclusive o SO2. Os protocolos de validação encontrados na literatura2,51-53 apenas estabelecem as linhas gerais do procedimento de validação, com ênfase na avaliação da influência de diversos fatores, não se aplicando diretamente, na maioria dos casos, a um gás específico e nem sempre são desenvolvidos para amostradores passivos a serem usados para medidas atmosféricas. Com as crescentes exigências de monitoramento ambiental estabelecidas atualmente, os amostradores passivos certamente ocuparão um lugar de destaque em um futuro próximo, representando uma excelente possibilidade de monitoramento a baixo custo, especialmente para amostragens múltiplas em grandes áreas, remotas ou não, e na determinação da resolução espacial de um gás ou vapor, o que tem grande importância no alcance de diferentes objetivos, inclusive na validação de modelos atmosféricos.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à CAPES pela bolsa concedida, à FINEP, PETROBRAS e BACELL pelo suporte financeiro.










quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Poluição Veicular

 Monitoramento NO2 e SO


Introdução a Engenharia
Engenharia Ambiental
2010.2



- NO2 e SO2 – Origens:

  • NO2 – Produto da reação do N2 e O2 (componentes majoritários do a atmosférico) na câmara de combustão de motores automotivos;
  • SO2 – Produto da reação do S (enxofre presente, em particular, no diesel) e O2 (ar) na câmara de combustão de motores automotivos.


- Padrões Qualidade do Ar
  • Resolução CONAMA 03/1990
      – Padrão secundário, médias anuais, valores em µg/m3. µg/m .
          • SO2 = 40
          • NO2 = 100



Monitores Passivos

• Vantagens: Monitores passivos apresentam baixo custo de construção. Indicados para o levantamento de tendências históricas e no monitoramento de locais sem energia elétrica.
• Desvantagens: Fornecem apenas valores médios sobre um período de integração relativamente elevado. Não possibilitam, por exemplo, avaliar variações ao longo do dia.


Princípio de Funcionamento

• O princípio de coleta para amostradores passivos é baseado na capacidade de difusão das espécies gasosas presentes na atmosfera e na reação com meios absorventes adequados.
• O princípio teórico para a transferência do gás através de um tubo é baseado na primeira Lei de Fick, que estabelece que o movimento de difusão das moléculas é determinado pelas diferenças de concentração ao longo do volume do sistema.

FA = -DAB (dCA /dz) (1)

–Onde:
        • FA = fluxo do gás A (mol cm-2 s-1),
        • DAB = coeficiente de difusão do gás A no gás B (cm-2 s-1),
        • CA = concentração do gás A no gás B (mol cm-3),
        • z = comprimento do caminho de difusão ou comprimento do tubo (cm).

• A quantidade do gás transferido (QA, mol) em t segundos por um cilindro de raio r pode ser descrito pela Equação:

QA = FA (π r2) t(2)

• Integrando a equação (1) e substituindo na equação (2), temos:

QA = [-DAB (CA –C0,A) π r2 t] / z (3)

• Onde:
        – (CA –C0, A) é o gradiente de concentração do gás A no interior do tubo de comprimento z,
        – CA é a concentraçãodo gásAno ambiente,
        – C0, A a concentração do gás A na extremidade oposta, junto à superfície sorvente.


• Considerando C0,A igual a zero, podemos re-arranjar a equação (3) para:

QA = [-DAB . CA . π r2 t] / z (4)
C = Q.z/(D. π ππ π r2 t) (5)

Onde:

      – C = concentração da espécie de interesse no ar (µg cm-3);
      – Q = massa da espécie de interesse absorvida (µg);
      – r = raio do amostrador(cm);
      – t = tempo de amostragem (s);
      – z = altura do amostrador;
      – D = coeficiente de difusão

                                       •NO2 = 0,1089 cm2 s-1
                                       •SO2 = 0,1361 cm2 s-1



Referencias

• W. J. MASSMAN – Atmospheric Environment Vol.32, No.6,1111-1127,1998;
• Lícia Passos dos Santos Cruz e Vânia Palmeira Campos - Química Nova, Vol. 25, No. 3, 406-411, Campos - Química Nova, Vol. 25, No. 3, 406-411, 2002;
• CETESB – Monitor Passivo de Dióxido de Enxofre, Construção e Testes de Validação, Agosto/98.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Seminário da CETESB

COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL
CETESB

DIRETORIA DE RECURSOS HÍDRICOS E ENGENHARIA AMBIENTAL

DEPARTAMENTO DE QUALIDADE AMBIENTAL

DIVISÃO DE AMOSTRAGEM DO AR

SETOR DE AMOSTRAGEM E ANÁLISE DO AR

MONITOR PASSIVO DE DIÓXIDO DE ENXOFRE
CONSTRUÇÃO E TESTES DE VALIDAÇÃO
AGOSTO/98

Sumário
O relatório descreve a construção e testes de validação do monitor passivo para SO2 desenvolvido pelo Setor de Amostragem e Análise do Ar. Constatou-se uma diferença média relativa de 20% entre as medições efetuadas por este tipo de monitor e os monitores automáticos de rede telemétrica. Este monitor passivo de dióxido de enxofre apresenta baixo custo de construção e pode ser uma ferramenta importante no levantamento de tendências históricas e no monitoramento de locais sem energia elétrica.

1. Introdução:
A monitorização de dióxido de enxofre na atmosfera, em Cubatão, na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e em cidades do interior do estado, através de estações manuais, data do final da década de 70. A partir de 1981, a avaliação da qualidade do ar na RMSP e em Cubatão passou a ser feita também através de estações automáticas.

Uma análise dos dados acumulados ao longo dos últimos 17 anos (1,2) na RMSP e em Cubatão mostra que as concentrações de dióxido de enxofre vem decrescendo, apresentando valores muito abaixo dos padrões diário (365µg/m3) e anual (80 µg/m3), e, em alguns locais, mesmo abaixo do padrão secundário anual (40 µg/m3). No interior do Estado o padrão diário de dióxido de enxofre (365 µg/m3), também não é ultrapassado.

Embora os níveis de dióxido de enxofre na atmosfera da RMSP e de Cubatão não sejam preocupantes, a continuidade de um programa de redução das emissões deste poluente é sempre desejável, pois indiretamente provoca também a redução das concentrações de sulfatos secundários que contribuem para a formação de material particulado na atmosfera, este sim um problema sério na RMSP e em Cubatão. O sulfato secundário é responsável por 8 % das Partículas Totais em Suspensão e 24% das Partículas Inaláveis Finas (<2,5µm) na RMSP (3). Além da formação de sulfatos secundários as emissões de dióxido de enxofre também são responsáveis pela formação de chuva ácida.

Com o objetivo de ampliar a rede de monitorização de dióxido de enxofre no interior do estado, assim como possibilitar a avaliação de concentração deste poluente em locais afastados, como por exemplo em pontos na Serra do Mar, onde não há energia elétrica disponível, foi desenvolvido um amostrador passivo específico para este poluente.

Além destes objetivos, outros fatores que levaram ao desenvolvimento do amostrador passivo de SO2  foram: o baixo custo de confecção e as facilidades de análise do ânion  sulfato na CETESB.

O presente relatório apresenta uma descrição deste amostrador assim como uma comparação entre as medições de dióxido de enxofre efetuadas pelo método passivo e pelos monitores automáticos da rede telemétrica da CETESB.





2. Metodologia
 
Os amostradores para substâncias gasosas presentes na atmosfera podem ser classificados em duas categorias: ativos e passivos. A principal diferença entre o amostrador passivo e o ativo é a forma utilizada para transferir o poluente da atmosfera para o meio de coleta. Os amostradores passivos são definidos como aqueles em que não se utiliza energia elétrica, ou qualquer mecanismo de propulsão para coleta. Já os amostradores ativos utilizam bomba e controladores de fluxos necessitando assim de energia elétrica para o funcionamento.


A utilização de amostradores passivos pela CETESB vem de longa data sendo que já na década de 70 utilizava-se o método da vela de peróxido de chumbo para avaliar a presença de componentes de enxofre na atmosfera. Este método tem a vantagem de não necessitar de energia elétrica, ser barato e de fácil instalação e não precisar de qualquer meio propulsor para a coleta de amostras. Embora os resultados fossem expressos em termos de taxa de sulfatação (µgSO3/100cm2/30dias) e não diretamente em concentrações, este método consistia em uma ferramenta valiosa para mapear regiões quanto a presença de compostos de enxofre na atmosfera. Entretanto, devido a sua geometria de construção este tipo de amostrador é sujeito a ação dos ventos, fazendo com que haja variação na taxa de coleta. Posteriormente este método foi substituído pelo uso de placas que continham um filtro impregnado com carbonato (método das placas alcalinas). Este método fornecia também taxas de sulfatação mas não possuía nenhum mecanismo na sua construção que  assegurasse ser a difusão o processo dominante de transporte do poluente no amostrador, o que fazia com que sua taxa de coleta fosse também variável. Este problema foi solucionado no novo tipo de amostrador desenvolvido e apresentado neste relatório, que além de possuir as vantagens existentes nos amostradores anteriormente utilizados possui uma taxa de coleta constante possibilitando  a medida efetiva das concentrações (µg/m3) de SO2 na atmosfera. A determinação das concentrações dos poluentes amostrados é um considerável avanço na utilização de amostradores passivos e abre um novo horizonte na utilização deste tipo de amostrador.



2.1. Princípios Teóricos

O princípio de coleta para amostradores passivos é baseado na capacidade de difusão das espécies gasosas presentes na atmosfera e na reação com meios absorventes adequados.


A difusão molecular foi usada quantitativamente na medição de gases na atmosfera pela primeira vez por Palmes (4). O princípio teórico para a transferência do gás através de um tubo é baseado na primeira Lei de Fick (5), que estabelece que o movimento de difusão das moléculas é determinado pelas diferenças de concentração ao longo do volume do sistema.



FIGURA 1 - Tipos de Amostradores Passivos


 L - comprimento  do tubo
1 - entrada do ar no amostrdor
2 - filtro absorvente
A Lei de Fick estabelece uma proporcionalidade entre a densidade de fluxo
de massa, J, e o gradiente de concentração, C. Para a densidade de fluxo ao
longo de um tubo de comprimento L, vale a expressão:

sendo a taxa média de variação da concentração de gás para todo o tubo calculada a partir da seguinte expressão:


onde:
J = Densidade de fluxo do gás de 1 até 2 na direção z
(µg/m2s);(figura1)
C = Concentração do gás nos pontos 1 e 2 (µg/m3);
z = Coordenada axial (m);
D = Coeficiente de difusibilidade molecular do gás coletado, no caso SO2, no ar, m2/s.
L = comprimento do tubo (m)

Para o transporte de massa por difusão em um tubo cilíndrico com área da seção transversal de escoamento igual a A (m2) e comprimento L (m), a taxa de transferência de massa, F (µg/s), é expressa por:


Supondo que a taxa de absorção do gás coletado pelo meio absorvente, disposto no ponto 2 do tubo, seja muito mais alta que F, pode-se considerar que a concentração do gás próximo à superfície do  filtro absorvente (C2), seja aproximadamente zero. Assim, a partir da massa, ∆m, coletada em um tempo ∆t, obtém-se a taxa média de coleta, F, segundo a expressão:


Uma vez que a concentração do gás é expressa em massa por unidade de volume de ar e sendo que o incremento de massa, ∆m, eqüivale à massa do gás coletado no intervalo de tempo ∆t, a taxa de coleta é expressa na forma:

Para o intervalo de tempo (∆t) de 24 horas a TAXA DE COLETA (equação 5), pode ser expressa em m3/dia.

Em amostradores passivos, quando o comprimento do tubo é pequeno, (tipo “badge”), para que a taxa de coleta seja constante é necessário o uso de telas ou filtros de membrana inertes, com porosidade definida, na entrada do dispositivo, evitando assim as turbulências causadas pelos ventos que poderiam causar variações no tamanho do caminho de difusão.

2.2 Interferências
Embora temperatura e umidade afetem a difusão das moléculas do gás, observa-se que para amostragens de campo a variação da taxa média de coleta é pequena(6, 7) frente as concentrações ambientais usuais.

Em estudos efetuados por Koutrakis (6) em câmaras de difusão, com umidade controlada, não foram constatadas variações significativas na taxa de coleta de SO2 em relação a variações de umidade. Palmes (7) observou que para intervalos de temperaturas de 5ºC a 25ºC, trabalhando em condições controladas, ocorreram pequenas variações na taxa de coleta, cerca de 0,8%, sendo que na prática essas diferenças podem ser negligenciadas.

O vento pode afetar diretamente a taxa de coleta do amostrador. A
turbulência causada por altas velocidades de vento implica em uma diminuição do caminho de difusão causando uma avaliação superestimada das concentrações ambientais. Em amostragens de campo o efeito de turbulência pode ser minimizado, utilizando uma alta relação comprimento/área no caso de amostradores do tipo tubo, em amostradores tipo “badge” utiliza-se na extremidade aberta do amostrador, membranas hidrofóbicas inertes com microporos.

Em alguns casos, quando o processo de absorção do gás no filtro reativo é relativamente lento, a taxa de coleta do amostrador passivo é determinada não só pela difusão do gás amostrado através do amostrador mas também pela absorção do gás no meio de coleta. Isto resulta numa diminuição da taxa de coleta quando comparada com a calculada pela lei de Fick e pode causar também um aumento da influência da temperatura e umidade, uma vez que o processo de absorção é muito mais sensível a estes fatores que o processo de difusão (7).

2.3. Descrição do Amostrador
O amostrador passivo para coleta de SO2 foi desenvolvido no Setor de Amostragem e Análise do Ar - EQQA da CETESB, utilizando-se materiais de baixo custo, como tubos e tampas de PVC. O amostrador consiste em um cilindro de 20 mm de comprimento e diâmetro interno de 26 mm, conforme figura 2.



Na extremidade “aberta” do tubo encontra-se um filtro de membrana FH Millipore (tipo Fluoropore) em PTFE, de 0,5µm de poro. O filtro de membrana tem a finalidade de minimizar efeitos do vento (turbulência), na difusão das moléculas do gás.

Na extremidade fechada do amostrador encontra-se um filtro circular de fibra de vidro Gelman Sciences (tipo A/E) com 26 mm de diâmetro, impregnado com solução de carbonato de potássio a 3% e glicerina a 7%.

2.4 Preparação dos amostradores
Antes de impregnados, aproximadamente 100 filtros foram imersos, em um béquer de 1 litro com água deionizada e levados a um banho termostatizado, à 60ºC, por 30 minutos. Em seguida a água foi trocada e o béquer foi levado ao ultra-som por 30 minutos. Trocou-se a água novamente e os filtros foram levados ao banho termostatizado por mais 30 minutos Após este procedimento os filtros foram secados individualmente à vácuo em um funil com placa de vidro sinterizado. Em seguida os filtros foram colocados em um dessecador à 60ºC em banho termostatizado e submetidos à vácuo. Cada filtro foi então impregnado utilizando-se 400  µl de uma solução de carbonato de potássio a 3% e glicerina a 7% e secado em um dessecador submetido à vácuo à 60ºC em banho termostatizado.

2.5 Amostragem
Os amostradores foram instalados em postes a 3,5 metros do solo, e ficando a 20 cm de distância do ponto de fixação do suporte (figura 3). Cada amostrador foi protegido por um abrigo de PVC

O período de estudo foi de setembro de 1996 a fevereiro de 1997 e o período de exposição variou entre 15 e 30 dias.

FIGURA 3 - Instalação do Amostrador Passivo EQQA


2.6 Análise
Os filtros dos amostradores passivos e os filtros “brancos” foram extraídos com 10 mL de solução a 0,3% de peróxido de hidrogênio. Antes do extrato ser injetado no cromatógrafo iônico, adicionou-se a este 1,5 mL de uma solução a 0,002% de catalase. A adição de catalase é necessária para destruição da água oxigenada em excesso que pode danificar a coluna cromatográfica.

Os extratos foram analisados por cromatografia iônica, utilizando-se um cromatógrafo Shimadzu, modelo 10A, equipado com detector de condutividade, utilizando-se como eluente solução de Na2CO3 (2,2 mM), e NaHCO3 (2,8 mM), à vazão de 2,0 ml/min. A coluna utilizada para separação foi da marca Dionex (HPIC-AS3), e supressora modelo AMMS-II. O regenerante utilizado foi H2SO4 (50 mM), e o volume do “loop” de injeção foi de 50 µL.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a avaliação dos monitores passivos foram estabelecidos os seguintes objetivos parciais:

• Avaliar o período ideal de amostragem (15 ou 30 dias). (item 3.1)

• Avaliar a necessidade ou não de se utilizar dois amostradores em paralelo
no mesmo ponto de coleta (reprodutibilidade). (item 3.2)

• Comparar  a eficiência do método de extração dos filtros amostrados
utilizando ou não peróxido de hidrogênio. (item 3.3)

• Determinar a taxa de coleta experimental (m3/dia) dos amostradores passivos. (item 3.4)

• Comparar as medidas efetuadas pelos monitores automáticos e passivos, determinando-se também os desvios entre os dois tipos de medição. (item 3.5)

Os resultados obtidos são apresentados no Anexo, que contêm, para cada local e período de coleta, as massas de SO2 determinadas por cromatografia, as concentrações médias obtidas nos monitores automáticos da rede telemétrica, o número de dias de amostragem e a taxa de coleta experimental. Esta taxa experimental foi calculada dividindo-se a massa de SO2 obtida no amostrador passivo, pela concentração de SO2 determinada pela rede automática e pelo tempo amostrado.

3.1 Avaliação do Período de Amostragem
No início do estudo foram expostos quatro amostradores passivos simultaneamente, sendo que dois deles permaneceram expostos por aproximadamente 30 dias enquanto outros dois foram trocados a cada 15 dias, completando assim o período total de exposição. A tabela 1 apresenta as massas de SO2 obtidas nos filtros nas amostras paralelas.


TABELA 1 - Comparação entre períodos de Amostragem (15 dias e 30dias)

Embora não exista número de dados suficientes para uma análise estatística, refinada observa-se que as diferenças de massas encontradas entre a soma do dois passivos expostos por 15 dias e  o exposto por 30 dias, conforme a tabela 1, correspondem a uma variação de concentração da faixa de 0,7 a 2,5 µg/m3  no período total amostrado. Essa pequena variação de concentração é desprezível em termos de valores absolutos de concentrações de dióxido de enxofre na atmosfera. Novos testes estão sendo efetuados para uma melhor avaliação do período ideal de amostragem.

3.2 Comparação entre amostragens paralelas (reprodutibilidade)
No início, todas as amostragens foram realizadas em paralelo (expondo-se dois amostradores simultaneamente), totalizando 53 pares de amostras. Com o intuito de esclarecer se eram realmente necessárias amostragens em paralelo ou se um só amostrador era suficiente, foi efetuado um teste de igualdade de médias (teste-t pareado), para verificar a existência de diferenças significativas entre os resultados obtidos pelos dois amostradores. Na tabela 2, são apresentados os resultados deste teste comparando-se as massas de SO2 coletadas.

TABELA 2 - Resultados do Teste-t pareado para amostragens simultâneas


Ao nível fixado de 5%, aceita-se  a hipótese nula, ou seja, não existe diferença significante entre duas amostragens em paralelo. Em vista dos resultados obtidos decidiu-se a partir de então, pela instalação de apenas um amostrador nos locais a serem monitorados.

3.3 Avaliação do método de extração
No início do estudo foram efetuados testes de extrações dos filtros amostrados, para se avaliar a necessidade de se utilizar ou não eróxido de hidrogênio para aumentar a eficiência de extração. Com base nestas análises feitas simultaneamente com e sem adição de peróxido de hidrogênio, foi realizado um teste de igualdade de médias (teste-t pareado), para verificar a existência de diferenças significativas entre os resultados obtidos pelos dois métodos. Na tabela 3 são apresentados os resultados deste teste.

TABELA 3 - Resultados do Teste-t pareado para avaliação da eficiência de extração


Ao nível fixado de 5%, rejeitou-se a hipótese nula, ou seja, existe diferença significante entre as extrações com e sem peróxido de hidrogênio.

Constatou-se uma diferença média significativa, no sentido que as massas de SO2 medidas com a extração peróxido de hidrogênio eram significantemente maiores (em média 16 %) do que as obtidas sem peróxido de hidrogênio, de acordo com o indicado na literatura(8).

A partir do resultado acima, optou-se pelo método de extração com peróxido de hidrogênio.

3.4 Determinação das Taxas de Coleta
A taxa de coleta do amostrador passivo, descrita na equação (5) do item 2.1 deve ser determinada experimentalmente uma vez que a existência da membrana porosa na entrada do dispositivo dificulta o cálculo teórico da mesma.

Esta taxa pode ser calculada conforme descrito na equação (6), onde são utilizados os dados de massa de dióxido de enxofre obtida no amostrador passivo e as concentrações atmosféricas obtidas por um monitor automático.

Para a determinação da taxa de coleta foram instalados amostradores passivos nas seguintes estações da rede telemétrica da CETESB na RMSP: Osasco, Ibirapuera, Congonhas, Parque Dom Pedro e Cerqueira César. Foi também instalado um amostrador em Pinheiros (CETESB).

Estes locais possuíam monitores automáticos de dióxido de enxofre da marca “Thermo Environmental Instruments”, modelo 43 B, com detector de fluorescência de pulso, acoplado a um calibrador multigás com tubo de permeação de dióxido de enxofre certificado.

Uma análise descritiva inicial das taxas de coleta experimentais (equação 6), determinadas nas seis estações amostradoras apontou para a presença de dados discrepantes, que foram excluídos das análises posteriores. Foi levantada então a distribuição de freqüência das taxas, que ajudou a definir o uso da média aritmética, devido à simetria da distribuição em torno deste valor (a distribuição normal foi a que melhor se ajustou aos dados) como um parâmetro a ser usado no cálculo das taxas. A figura 4 apresenta esta distribuição de freqüência.

FIGURA 4 - Distribuição de freqüência das taxas médias diárias




Analisando separadamente cada local onde foram instalados os amostradores  não foram encontradas diferenças significantes entre as taxas específicas de cada um deles. A figura 5 ajuda a ilustrar este resultado. Cada diagrama resume a distribuição das taxas em local de amostragem, sendo que os limites inferior e superior do retângulo representam respectivamente os percentis 25% e 75%, e o traço do meio a mediana (percentil 50%).

Pode-se observar que apesar das médias aritméticas de cada local (representadas pelo sinal de “+” no interior do retângulo) diferirem de uma estação para outra, os valores das taxas variam em intervalos parecidos.

Optou-se por determinar uma taxa média geral, mais apropriada à aplicação destes resultados em locais distintos daqueles onde foram coletadas as amostras.


FIGURA 5 - Box-Plot das taxas médias diárias por estação


A tabela 4 apresenta a taxa de coleta obtida experimentalmente bem como seu respectivo intervalo de confiança.

TABELA 4 - Taxas experimentais de coleta médias

Uma vez determinada a taxa de coleta esta foi aplicada às massas obtidas na análise dos amostradores passivos resultando em um valor “estimado” para as concentrações de SO2 medidas por estes amostradores.

Algumas análises estatísticas foram efetuadas a partir daí, comparando estes valores obtidos às respectivas concentrações de dióxido de enxofre medidas pela rede automática (telemétrica), visando verificar a validade do uso desta taxa de coleta experimental determinada.

3.5 Comparação entre as medidas efetuadas pelos monitores automáticos e amostradores passivos

A figura 6 ilustra o resultado da regressão linear entre as concentrações de SO2 medidas pelos amostradores passivos (calculadas utilizando-se a taxa de coleta da tabela 4), e as  médias das concentrações obtidas pelos monitores automáticos nos mesmos períodos.

FIGURA 6 - Concentrações de SO2 medidas pelos amostradores passivos e pela rede automática (Telemétrica)

O coeficiente de correlação linear encontrado (r) de 0,87 demonstra que os valores obtidos pelos amostradores passivos estão fortemente correlacionados com os  respectivos valores obtidos pelos monitores automáticos na faixa de aproximadamente 5 a 40 µg/m3.

Foram calculadas as diferenças entre as concentrações medidas pelos amostradores passivos e rede automática. Analisando estas diferenças, tomando-se como base as medições da rede automática, observou-se que:

• A diferença média relativa (em módulo), foi 20 +- 3% e a máxima 52%.

• A diferença média absoluta (em módulo), foi de 3,7 +- 0,7 µg/m3.

A figura 7 resume a distribuição do desvios relativos em módulo, sendo que os limites inferior e superior do retângulo representam respectivamente os percentis 25% e 75%, e o traço do meio a mediana.


FIGURA 7 - Box-Plot dos desvios relativos (módulo)





 4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Através dos resultados apresentados e dos estudos realizados pode-se concluir que:

• Não foram observadas diferenças significativas em termos de concentração quando se comparam os resultados de duas amostras subseqüentes de 15 dias expostas paralelamente a  uma de 30 dias.

• Não foram observadas diferenças significativas entre as concentrações de SO2 monitoradas quando se instalam dois amostradores em paralelo.

• Foi encontrada uma diferença significante entre as extrações feitas com e sem peróxido de hidrogênio. Optou-se então, pelas extrações com peróxido de hidrogênio por serem estas mais eficientes.

• A determinação experimental das taxas de coleta foi feita amostrando-se simultaneamente com amostradores passivos e monitores da rede automática em 6 locais na RMSP, obtendo-se a taxa média de coleta de 0,042 +/- 0,003 m3/dia.

• O coeficiente de correlação linear (r) de 0,87, demonstra que os valores obtidos pelos amostradores passivos estão fortemente correlacionados aos respectivos valores obtidos pelos monitores automáticos na faixa de 5 a 40 µg/m3

• A diferença média relativa (em módulo) entre as medições efetuadas pelos amostradores automáticos e passivos foi de 20 +- 3% e a máxima de 52%, sendo a diferença média absoluta de 3,7 +-0,7 µg/m3.

Se este tipo de amostrador for utilizado em locais com médias mensais superiores a 40 µg/m3, testes para a validação do amostrador para estas faixas de concentração precisam ser efetuados.

É importante acrescentar que o novo amostrador passivo de SO2, aqui apresentado é uma técnica de baixo custo e que pode ser de extrema utilidade no levantamento de tendências históricas e no monitoramento de locais sem energia elétrica.

ANEXOS
Extrações com peróxido de hidrogênio (H2O2)
CÁLCULO DAS TAXAS DE SO2 EM SÃO PAULO
MONITORES AUTOMÁTICOS DA TELEMÉTRICA
Período 1996 e 1997







Fotos do Projeto

Monitor Passivo













Coordenadas dos Pontos de Coleta

Datum = WGS84

Ponto 1: 22°58´43.68´´S e 43°15´54.24´´O.

Local: Guarita do Estacionamento. Rua Padre Leonel Franca

Ponto 2: 22°58´44.58´´S e 43°13´57.78´´O.
Local: Pilotis - Pédrio Kennedy


Ponto 3: 22°58´44.21´´S e 43°14´00.95´´O.

Local: Em frente ao Solar

Ponto 4: 22°58´55.25´´S e 43°14´05.25´´O.
Local: LEV

Pontos de Amostragem

Apresentação Inicial

Poluição Veicular
Monitoramento NO2 e SO2


Introdução a Engenharia
Engenharia Ambiental
2010.2

NO2 e SO2 – Origens:

       NO2 – Produto da reação do N2 e O2 (componentes majoritários do ar atmosférico) na câmara de combustão de motores automotivos;
       SO2 - Produto da reação do S (enxofre presente, em particular, no diesel) e O2 (ar) na câmara de combustão de motores automotivos.


Padrões Qualidade do Ar:

       Resolução CONAMA 03/1990
- Padrão secundário, médias anuais, valores em mg/m3.
·      SO2 = 40
·      NO2 = 100


Monitores Passivos:

       Vantagens: Monitores passivos apresentam baixo custo de construção. Indicados para o levantamento de tendências históricas e no monitoramento de locais sem energia elétrica.
       Desvantagens: Fornecem apenas valores médios sobre um período de integração relativamente elevado. Não possibilitam, por exemplo, avaliar variações ao longo do dia.


Princípio de Funcionamento:

       O princípio de coleta para amostradores passivos é baseado na capacidade de difusão das espécies gasosas presentes na atmosfera e na reação com meios absorventes adequados.
       O princípio teórico para a transferência do gás através de um tubo é baseado na primeira Lei de Fick, que estabelece que o movimento de difusão das moléculas é determinado pelas diferenças de concentração ao longo do volume do sistema.

 FA = -DAB (dCA /dz) (1)
      Onde:

       FA = fluxo do gás A (mol cm-2 s-1),
       DAB = coeficiente de difusão do gás A no gás B (cm-2 s-1),
       CA = concentração do gás A no gás B (mol cm-3),
       z = comprimento do caminho de difusão ou comprimento do tubo (cm).

       A quantidade do gás transferido (QA, mol) em t segundos por um cilindro de raio r pode ser descrito pela Equação:

QA = FA (p r2) t (2)


       Integrando a equação (1) e substituindo na equação (2), temos:

QA = [-DAB (CA – C0,A) p r2 t] / z (3)

       Onde:

      (CA – C0,A) é o gradiente de concentração do gás A no interior do tubo de comprimento z,
      CA é a concentração do gás A no ambiente,
      C0,A a concentração do gás A na extremidade oposta, junto à superfície sorvente.

       Considerando C0,A igual a zero, podemos re-arranjar a equação (3) para:

QA = [-DAB . CA . p r2 t] / z          (4)
C = Q.z/(D. p r2 t)               (5)

  • Onde:

      C = concentração da espécie de interesse no ar (mg cm-3);
      Q = massa da espécie de interesse absorvida (mg);
      r = raio do amostrador (cm);
      t = tempo de amostragem (s);
      z = altura do amostrador;
      D = coeficiente de difusão
       NO2 = 0,1089 cm2 s-1
       SO2 = 0,1361 cm2 s-1
 
Referencias:

       W. J. MASSMAN - Atmospheric Environment Vol. 32, No. 6, 1111-1127, 1998;
       Lícia Passos dos Santos Cruz e Vânia Palmeira Campos - Química Nova, Vol. 25, No. 3, 406-411, 2002;
       CETESB - Monitor Passivo de Dióxido de Enxofre, Construção e Testes de Validação, Agosto/98